Médico fala sobre importância de exames e políticas públicas na prevenção do câncer de mama e de colo de útero

22/10/2021 10:29

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Com o intuito de alertar as mulheres sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo uterino e discutir políticas públicas sobre o tema, participaram da sessão da Câmara Municipal, ontem (20), o ginecologista e mastologista, Cléber Sérgio da Silva, e Márcia Helena Ferreira de Oliveira a convite do vereador Cabo Diego Fabiano.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, um terço dos tumores poderiam ser curados se detectados precocemente. “O diagnóstico precoce depende basicamente de rastreamento, que é a aplicação de um teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhá-la para investigação e tratamento. Seria necessária a cobertura de, no mínimo, 70% da população para o rastreamento ser considerado eficaz”, explicou Cléber, que destacou ainda que o autoexame e a mamografia são dois importantes exames para a detecção do câncer de mama precocemente. “Duas em cada três mulheres observam a ocorrência desse tipo de câncer autoexaminando as mamas. O tumor tornar-se palpável somente depois de, aproximadamente, 8 anos de sua evolução. Por isso, a importância da mamografia, que detecta o tumor mesmo antes de seu aparecimento [com apenas um milímetro o tumor pode ser detectado por esse exame]. O objetivo do rastreamento é descobrir o tumor nesse estágio inicial - antes que atinja um centímetro. Temos aproximadamente 5 mil municípios brasileiros, e, mais da metade dessas cidades não conta com equipamento de mamografia no Sistema Único de Saúde - SUS. Uberaba possui, pelo menos, quatro máquinas de qualidade que prestam esse serviço à população.”

Cléber destacou o trabalho realizado pelo Hospital de Amor (Hospital de Câncer de Barretos – SP) no combate à incidência desses dois tipos de cânceres. “O hospital envia carta convite oferecendo exames de mamografia e Papanicolau às mulheres. Poderíamos facilmente, aqui, implementar um programa como esse, utilizando ferramentas tecnológicas, como o celular, através de SMS. Com ações eficientes podemos chegar a um modelo de saúde pública que, até então, eu conheço somente em Barretos”, disse.

De acordo com o INCA, órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil, em 2021, foram estimados 66.280 novos casos de câncer de mama, o que representa uma taxa de incidência de 43.74 casos por 100.000 mulheres. “São 17 mil mortes por ano, e, em 77% dos casos, eles são diagnosticados em estágio avançado da doença, aquele onde os tumores podem ser detectáveis clinicamente. Assim sendo, podemos dizer que o rastreamento aplicado no país hoje é falho, já que seu objetivo é identificar a doença antes de seu aparecimento. Acredito que se aumentássemos a cobertura de mulheres [na faixa etária recomendável] para fazer o exame, e detectássemos considerável número de lesões iniciais, faríamos tratamentos menos radicais, de menor custo, com menos sequelas e, acima de tudo, que aumentariam a sobrevida dessas pacientes.”

O médico pontuou falhas presentes no processo de atendimento ofertado pelo SUS que podem afetar as taxas de sucesso satisfatórias de tratamento. “Uma biópsia, pelo Sistema Único de Saúde, leva geralmente de 75 a 185 dias para ser realizada. Sem contar que a fila de espera no sistema é “burra”, pois ela não leva em consideração a vulnerabilidade da doença. Para se ter uma ideia, o início do tratamento se dará num prazo superior a 60 dias, após a biópsia, em 50% dos casos, contribuindo para um agravamento do problema”, alertou, acrescentando que “é possível transformar a vida de cidadãos somente com políticas públicas. Nesse caso, especificamente, é preciso integração entre todas as camadas de atendimento; planejamento estratégico e conjunto por região geopolítica; ampliação da cobertura de rastreamento desses cânceres – rastreamento organizado; e atendimento célere e de qualidade”, sugeriu Cléber.

Márcia Helena Ferreira, madrasta do vereador Cabo Diego, contou sua experiência depois da descoberta de um câncer de mama. “É difícil o tratamento e pensei em alguns momentos em desistir, mas o amor de minha família e minha fé não me deixaram. O câncer é uma humilhação para quem o passa. Fiz 12 sessões de quimioterapia, 25 de radioterapia e uma cirurgia para retirada total da mama. O apoio da família é 50% do sucesso do tratamento. É importante alertar as mulheres sobre a importância da realização desses exames rotineiramente. Agradeço ao Hospital Hélio Angotti, que me acolheu e me assistiu tão bem. Aquele é um hospital onde tem muito amor envolvido e profissionais dedicados”, ressaltou.

Cléber apresentou também na sessão informações sobre o câncer de colo de útero, que, segundo o INCA, tem estimativa de 16.590 novos casos este ano no país e 6.596 mortes. Minas Gerais contabilizará 1.040 novos casos e o Triângulo Mineiro, 135.  “Há anos, o Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal a vacina contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14.  As escolas deveriam conscientizar esse público sobre a importância da vacina, oferecida gratuitamente. Vejo pouca publicidade no assunto e pouco estímulo de incentivo, já que estamos falando de um problema que pode ser prevenido através da vacinação”, encerrou o médico.

 

Jorn. Karla Ramos - Dep. Comunicação da CMU - 21/10/2021

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