O motivo da adesão de Uberaba ao Programa Minas Consciente do governo estadual foi um dos principais questionamentos dirigidos pelos vereadores ao secretário municipal de Saúde, Sétimo Bóscolo. Ele participou da reunião ordinária da última terça-feira (22), acompanhado da diretora de Vigilância e Saúde, Ana Maria de Oliveira Bernardes, atendendo a um convite da vereadora Rochelle Bazaga.
A vereadora perguntou ao secretário os motivos que levaram o Município a optar pela adesão ao protocolo do governo estadual. Bóscolo explicou que a adesão vinha sendo trabalhada desde o ano passado, pois para o Município era muito confortável tomar a decisão, mas inicialmente optaram pelo Decreto, uma vez que Uberaba estava em um momento diferente da pandemia, de outras regiões do Estado.
Segundo ele, quando começou o declínio da pandemia em novembro e dezembro, por causa da variante Ômicron, decidiram esperar mais um pouco. “Não queríamos transferir responsabilidade, por este motivo decidimos aguardar, com base em estudos, sobre o número de casos na cidade”, explicou o titular da pasta. Ele disse que durante a quinta e sexta semana deste ano, com o declínio dos casos, entenderam que havia chegado o momento de aderir ao programa, através do Comitê Técnico-Científico.
Criticado por não conversar com os vereadores sobre o tema, o secretário admitiu que talvez houve uma falha na comunicação, em função da prefeita Elisa Araújo estar fora da cidade naquele momento. “Mas se for necessário, podemos realizar mudanças a qualquer momento”, acrescentou.
A vereadora Lu Fachinelli questionou a decisão, pois o número de óbitos na cidade este ano é significativo, com 40 mortes em janeiro e 51 até o dia 20 deste mês. De acordo com Bóscolo, as decisões não são unilaterais, sendo tomadas em conjunto pelos Comitês Técnico-Científico, o Operacional e o Comitê Estratégico. Mas explicou que algumas vezes é preciso colocar decisões em votação, quando não existe consenso entre os integrantes.
Sobre o adiamento das cirurgias eletivas, outro ponto abordado pela vereadora, o secretário disse que foram muitos os problemas, inclusive com um número muito grande de profissionais da saúde afastados. “Chegou a 120 o número de profissionais afastados, por isso decidimos prorrogar o adiamento das cirurgias”, afirmou. A aproximação do feriado de Carnaval também contribuiu para a decisão.
Ainda segundo o representante do Executivo, foram tomadas medidas para desafogar o Hospital da Criança, inclusive com testes sendo feitos na igreja
São Domingos. Na avaliação dele o hospital não está atendendo no limite, pois em capacidade para receber até 200 pacientes por dia.
Ainda sobre o feriado, Bóscolo disse que está sendo montado um plano para não faltar testes, como aconteceu anteriormente. A diretora de Vigilância em Saúde, Ana Maria Bernardes, se manifestou, não ser novidade a cidade trabalhar junto com o Estado em políticas públicas, que tem direcionado para bons resultados.
“A pandemia é muito dinâmica, com resultados muitas vezes fora do que esperávamos, o objetivo sempre foi proteger ao máximo a população”, disse Ana Maria, lembrando que as medidas mais efetivas, como uso da máscara e distanciamento social, fazem parte da consciência pessoal de cada indivíduo.
“É um planejamento de retomada da economia, baseado nos resultados da saúde”, acrescentou ela. A diretora explicou que Uberaba iniciou a onda na última semana de dezembro, diferente do restante do Estado. Para ela, caminhando juntos vão trazer um reflexo macro-regional, harmonizando as políticas públicas.
“Em momento algum a análise dos dados deixou de ser responsabilidade do Município e está previsto no decreto que, havendo necessidade, deve fazer as intervenções necessárias. A intenção é que a cidade se restabeleça das dificuldades enfrentadas durante a pandemia, sem se eximir de a secretaria assumir a responsabilidade quando convier”, disse Ana Maria.
O vereador Luizinho Kanecão reafirmou sua preocupação com os profissionais de saúde e disse que encaminhou uma solicitação de aumento de 20 a 40% de insalubridade para aqueles que estão trabalhando na linha de frente, o que é embasado por Lei, até o final da pandemia.
O secretário concordou que todos os profissionais de saúde estão exaustos, pois também se revezam na vacinação, alguns trabalhando até 12 horas por dia, e que sempre agradece a dedicação de cada um. “São pessoas que abriram mão de suas famílias, para cuidarem dos pacientes contaminados com uma doença altamente contagiosa, disse ele.
Sobre o pagamento do adicional por insalubridade, Bóscolo explicou que o servidor precisa fazer um requerimento que será destinado ao setor específico, uma vez que a secretaria não tem o poder de decidir quem vai ou não receber.
O secretário explicou a existência de uma proposta de fazer uma reforma administrativa, pois existem vários cargos que não tem como contratar devido a inexistência de cargos, sendo que faltam pessoas em todas as linhas. Ele reforçou a necessidade de uma reforma, pois acontecem nas unidades básicas o que aconteceu no Samu, de ter dia que não haviam médicos suficientes, porém um projeto votado na Câmara resolveu o problema.
O vereador Túlio Micheli também abordou a participação de um infectologista no Comitê, assim como a questão da adesão ao Minas
Consciente e seus possíveis reflexos nos atendimentos, tanto de pacientes de Uberaba quanto da região, que são encaminhados para a cidade. Ele também falou sobre o atendimento no Hospital da Criança e a obrigatoriedade da vacinação dos pequenos.
Segundo Bóscolo, a falta de um infectologista no Comitê nunca foi problema, pois médicos de outras áreas procuraram entender e estudar a doença, fazendo com que outros profissionais estivessem preparados para a tomada de decisões.
O titular da pasta voltou a afirmar que o HC tem capacidade para atender a uma demanda até maior do que atual. “Já conversamos sobre a possibilidade de levar estes atendimentos a outros locais, mas entendemos que iríamos dividir o recurso financeiro, o que certamente prejudicaria o hospital”, avaliou. Para o secretário, o Hospital da Criança precisa de estímulo e apoio para continuar funcionando.
“Os atendimentos realizados na região trabalham em parceria com o Estado. Nós estamos discutindo a implementação de um novo sistema de informatização na secretaria, para tornar mais atual e moderno”, adiantou Bóscolo.
A diretora de Vigilância e Saúde afirmou que existe uma preocupação constante com as crianças, inclusive para encaminhamento para a realização de exames, quando necessários. “Temos testes suficientes para fazer as testagens e estamos orientando os pais sobre sua importância”, acrescentou.
De acordo com Ana Maria, estão mantendo sob controle e qualquer coisa que aconteça que mostre necessário tomar outras medidas, será encaminhado imediatamente para a secretaria. Sobre a questão da possível obrigatoriedade da vacina, a diretora explicou que até o momento a secretaria não teve estoque suficiente para definir uma obrigatoriedade da vacinação, pois as doses terminam na mesma semana que são recebidas.
Ainda segundo Ana Maria, alguns órgãos consideram que a vacina seria automaticamente obrigatória, devido a própria legislação, mesmo assim a procura diária tem sido significativa, com 40% das crianças do Município já imunizadas.
A obrigatoriedade da vacinação infantil na cidade também foi questionada por Celso Neto. O vereador perguntou ao secretário se o Município pensa em exigir a imunização do público infantil. “Covid é uma doença altamente infecciosa, e, devido a isso, é preciso pensar na saúde de forma coletiva. Não posso afirmar que a imunização infantil na cidade passará a ser exigida em algum momento, mas oriento pela vacinação de todas as crianças acima de 5 anos para evitarmos agravamento de sintomas nos casos positivos da Covid”, encerrou Bóscolo.
Jorn. Hedi Lamar Marques e Karla Ramos Departamento de Comunicação CMU - 23/02/2022