Projeto de lei busca tornar obrigatório Teste da Linguinha
Está tramitando na Câmara Municipal o Projeto de Lei de autoria do presidente do Legislativo, vereador Elmar Goulart (PSL), que torna obrigatória a realização do exame denominado Teste da Linguinha, que deverá ser feito por fonoaudiólogos e garantido pelo Sistema Único de Saúde, a exemplo da cidade de Brotas, no interior de São Paulo, a primeira localidade a reconhecer a importância de avaliar se recém-nascidos têm língua presa.
Assim como temos o teste de Apgar, do olhinho, do pezinho e da orelhinha para diagnóstico precoce de alterações que podem comprometer o desenvolvimento do bebê, a proposta do teste da linguinha vem com o objetivo de diagnosticar as limitações dos movimentos da língua causadas pela língua presa, justifica Elmar.
Ele esclarece que hoje os médicos fazem um teste visual para saber se o bebê tem a língua presa, no qual analisam se apresenta um formato de coração quando levantada, sinal de que a ponta da língua está presa. Mas só esse exame não é o suficiente. É apenas uma inspeção visual, mas nem toda língua presa tem o formato de coração. Existem vários graus de língua presa e, para identificar com exatidão, o melhor é fazer o Teste da Linguinha, diz o vereador.
Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudióloga, Irene Marchesan, a língua presa é um defeito no frênulo, quando uma pequena porção de pele embaixo da língua que deveria ter desaparecido durante a gestação prende a sua ponta. Por causa disso, os bebês têm dificuldade em engolir e sugar, principalmente no seio materno, o que causa o desmame precoce, esclarece.
A fonoaudióloga Roberta Martinelli, da cidade de Brotas, criadora do Teste da Linguinha, informa que se for identificada a língua presa, o recém-nascido deverá ser encaminhado a um procedimento chamado de frenotomia. Com um gel anestésico, um pequeno corte é feito sob a língua para liberar seus movimentos. O procedimento completo dura cerca de dez minutos, é indolor e a criança não precisa ficar internada. Importante lembrar que, apesar de simples, ele requer a habilidade de um profissional, afirma a fonoaudióloga.
Elmar Goulart esclarece que a língua presa restringe movimentos essenciais para a amamentação e a fala. Para falar, é necessário que a língua faça movimentos precisos, principalmente da ponta. A criança com língua presa fala, mas usa compensações. Alguns problemas de fala ainda permanecem se o procedimento é realizado depois que a criança já está mais grandinha. O que a gente tem visto é que crianças com problemas de fala são motivo de chacota, não querem mais falar. Isso causa problemas sociais e até profissionais no futuro, argumenta o vereador.