O primeiro assunto da pauta da 6ª reunião ordinária dos vereadores tratou sobre a educação estadual. Maria Helena Gabriel, coordenadora geral do SIND-UTE/Uberaba, participou da tribuna e pediu apoio à causa aos vereadores. Ela revelou que está recorrendo à Promotoria para uma situação que está prejudicando o ensino público mineiro. Ainda chamou de conturbado o início do ano letivo no Estado, devido a uma resolução enviada pelo governador Anastasia, que cria uma nova modalidade de ensino, chamada de "Reinventando o Ensino Médio", sem dar subsídio nenhum para que esse trabalho seja feito.
Diante de tudo que expôs durante o seu pronunciamento na Tribuna, os vereadores decidiram enviar uma Moção de Repúdio ao Governo do Estado, além de assinarem também uma Moção de Apoio aos profissionais da Educação, que estão se mobilizando contra as ações governamentais.
Conforme é divulgado no site oficial do governo, o "Reinventando o Ensino Médio" é um projeto da Secretaria de Estado de Educação, que propõe "reformular o Ensino Médio, reconstruindo sua identidade como última etapa da Educação Básica, por meio de uma ordenação curricular e estratégias didático-pedagógicas inovadoras que estabeleçam uma efetiva relação com o conhecimento e possibilitem a construção da autonomia e da emancipação dos jovens, seja para a conclusão ou continuidade dos estudos ou para a preparação à inserção no mundo do trabalho".
Segundo a professora Maria Helena, além das disciplinas tradicionais, os estudantes poderão escolher uma disciplina dentre opções voltadas para áreas de empregabilidade. Essas disciplinas - Empreendedorismo e Gestão, Turismo, Comunicação Aplicada, Meio Ambiente e Recursos Naturais, Tecnologia da Informação - não são profissionalizantes e, segundo propõe, deve reforçar a base cognitiva dos estudantes, beneficiando, inclusive, a perspectiva para atuação no mercado de trabalho. "Mas quem deverá ministrar essas aulas são os professores das disciplinas tradicionais, sendo que caberá a cada escola notar qual o perfil de cada profissional e enquadrá-lo nas disciplinas. Mas como detectar esse perfil? Estamos denunciando em todo o Estado".
A implementação dessas disciplinas irá acarretar no surgimento de um sexto horário na grade curricular convencional. Isto representa um dos problemas que a educadora detectou. "Essas novas matérias não podem ser colocadas nesse horário, nem no primeiro! Ora, é claro que teremos problemas com a garantia da presença desses alunos. Além disso, colocando o sexto horário, muitos alunos perdem o emprego, pois devem se apresentar no trabalho às 13 horas, geralmente. Assim, precisam de uma vaga no noturno, mas isso não é possível, porque não tem carteira profissional assinada".
O sexto horário atinge também aqueles jovens que dependem do transporte público para estudar. Estes não são obrigados a permanecerem na escola depois do quinto horário. Segundo a educadora, em Santa Rosa, por exemplo, os alunos não permanecem na escola. Assim, apenas os que moram na cidade é que ficam no sexto horário. "São dois pesos e duas medidas!"
O vereador Cléber Ramos (PROS) chamou de aberração o que ele está fazendo com a educação, "até porque, a partir de 7 de abril, ele estará deixando o governo para agir na campanha do senado. Proponho aqui uma moção de repúdio ao governo e de apoio à causa". Samir Cecílio (SDD) e Paulo César Soares - China (SDD) ficaram indignados com a situação. Já João Gilberto Ripposati (PSDB) declarou que, independente de partido, "quer somar na luta dos educadores". Da mesma forma, posicionou-se Ismar Marão (PSB).
Franco Cartafina (PRB) apontou que a situação é vexatória, "uma vez que há jovens que são arrimos de família e são prejudicados por situações como estas. A educação que o Brasil tem configura um verdadeiro abismo em relação ao desenvolvimento". Edcarlo Carneiro - Kaká Se Liga (PSL) apontou que o que estão fazendo com a educação no nosso estado é inadmissível. "Se o sindicato expõe que é contrário, em prol dos alunos, por que iríamos ser contras? Estamos juntos com vocês, pois, inclusive, tenho conhecimento que na "Professor Chaves" as crianças estão sem alimentos", denunciou Kaká.
Edmilson de Paula (PRTB) propôs uma audiência pública para que os professores possam unir forças. Já Luiz Dutra (SDD) convoca representantes da Educação ligados ao governo para que venham até a casa para que esclarecimentos sejam oferecidos, bem como garantias de que o projeto dá certo. O presidente Elmar Goulart (SDD) encerrou garantindo que o clima do Legislativo é de apoio aos educadores.
O Reinventando o Ensino Médio atingirá, em Minas Gerais, um total de 2.189 escolas que oferecem o nível médio educacional. Em 2012, um ano após ser idealizado, o programa foi iniciado em caráter piloto em 11 instituições de Belo Horizonte. Já em 2013, o projeto foi expandido para outras 122 escolas.