Audiência mostra que Uberaba poderia ter mais 166 leitos
A iniciativa do vereador Cléber Cabeludo (PMDB), presidente da Comissão de Saúde da CMU, de promover a Audiência Pública sobre Leitos Hospitalares em Uberaba, apontou a possibilidade de abertura de mais 166 leitos em instituições hospitalares credenciadas ao SUS em Uberaba. Esta informação foi repassada pelos dirigentes dos Hospitais Helio Angotti, da Criança, Beneficência Portuguesa, Hospital Universitário e Hospital de Clínicas da UFTM. No Hélio Angotti, o presidente da instituição Décio Scandiuzzi, explicou que dois andares do hospital estão praticamente prontos para colocar a disposição 40 leitos, desde que haja recursos para terminar as obras. O montante necessário é de R$ 700 mil.
Já a diretora do Hospital da Criança, Maria Rita Carniel afirmou que o aumento na instituição pode chegar a 22 leitos, mas que para isso adequações deverão ser promovidas, bem como a ampliação de captação de recursos. Outra ação que o hospital também quer implementar, segundo ela, é o atendimento de adolescentes, que deve ser diferenciado do adulto e da criança.
A diretora do Hospital Beneficência Portuguesa, Raquel dos Santos Anjo, afirmou que após o término das obras que já se arrastam por três anos, a oferta de leitos poderá passar de 48 para 72, com mais seis UTI’s, focadas em média complexidade. A verba federal para o término das obras, que deve começar a chegar ao hospital no próximo mês, visto que será parcelada, perfaz o montante de R$ 1, 8 milhão. O vice-reitor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), João Ulisses Ribeiro, lembrou que a falta de leitos é um problema nacional e garantiu que, em termos de saúde, Uberaba está melhor que outros locais. Ele explicou ainda que o Hospital de Clínicas (HC) atende média e alta complexidade, mas que a média sempre extrapola o teto. No entanto, o HC não recebe recursos além do valor contratualizado que é de R$ 1,8 milhão. Ribeiro também revelou que o hospital tem dificuldade para atingir o teto da alta complexidade, visto que não tem leito para atender esta demanda que, na maioria das vezes, está ocupada com o paciente de média complexidade. “Tenho esperança de que esta situação será resolvida com a construção do Hospital Regional que atenderá um pouco da demanda de média complexidade, deixando leitos livres para os pacientes de alta complexidade”, disse.
Ainda segundo o vice-reitor, devido a uma portaria, possivelmente o HC terá que se adequar, transformando a Clínica Civil para atendimento do SUS, ficando assim, com atendimentos 100% SUS. Ele ressaltou que a Clínica Civil tem lucro, mas que todo este recurso é revertido para atendimento do Hospital de Clínicas.
Denise Monteiro, coordenadora do setor de Saúde da Universidade de Uberaba, falou sobre o Hospital Universitário (HU). Segundo ela, as obras do novo hospital devem ser concluídas em 30 meses. No local serão disponibilizados 98 leitos SUS e 60 civis. Atualmente o HU oferta 45 leitos, sendo cinco UIT’s, 27 para clínica médica e 13 para clínica cirúrgica. Segundo ela, teria a possibilidade de aumentar, pelo menos, de 8 a 10 leitos. O secretário de Saúde, Valdemar Hial, reafirmou a necessidade de ampliar o atendimento, mas destacou que é necessário mobilização política, haja vista que o preço pago pelo SUS está aquém da realidade e a manutenção destes 166 novos leitos demanda recurso. Ele também revelou que nos documentos do Estado, a população de Uberaba está registrada como sendo de 230 mil habitantes, sendo que este dado não condiz com a realidade que aponta uma população de mais de 300 mil. “Quando é para nos repassar recursos à quantidade de habitantes é de 230 mil, mas quando é para a prefeitura dar a contrapartida este número aumenta. É preciso que os políticos se mobilizem para nos ajudar a resolver este impasse, pois com isso estamos perdendo recursos que já deveriam estar sendo utilizados na área de saúde do município”, destacou.
O presidente da Câmara, vereador Lourival dos Santos, que também participou da audiência, destacou que a Casa irá se posicionar neste sentido, se unindo a prefeitura e aos políticos que representam a cidade, para que esta questão seja resolvida. Ele também lembrou que a área de saúde precisa atuar mais preventivamente, no sentido de evitar a busca por UBS’s e Hospitais.
O vereador Cléber Cabeludo, autor da iniciativa, avaliou a audiência como positiva e definiu os passos a serem seguidos a partir da oferta de leitos. “Precisávamos saber quais as possibilidades reais de ampliar o número de leitos. Agora sabemos que podemos abrir mais 166. Com este dado, vamos ir aos deputados e senadores, pedir apoio, emendas parlamentares, vamos apresentar a demanda no Ministério da Saúde. Temos que começar a mobilizar, pois se as cidades não apresentarem os problemas no Governo Federal, o repasse do SUS nunca vai aumentar. É uma batalha longa, mas ela tem que ser mantida. Também vamos buscar parcerias onde pudermos, pois acredito que o caminho pode ser trilhado ainda neste sentido”, disse ele, lembrando que com a construção do Hospital Regional, outros 160 leitos serão colocados a disposição da comunidade, dentro de alguns anos.