Câmara apoia movimento dos delegados da Polícia Civil
Vereadores assinaram moção de repúdio contra baixos salários da categoria
Representantes da Polícia Civil de Uberaba participaram da sessão plenária de hoje (12/04), para falar sobre o Movimento da Estrita Legalidade que começou, oficialmente, nesta segunda feira (11). Para falar sobre o movimento estavam presentes vários delegados, entre eles, o Delegado Regional Francisco Gouveia e o delegado Edson Morais, representante do sindicato da categoria na cidade. Dutra, que é delegado da PC aposentado, ressaltou o trabalho da categoria e as dificuldades e afirmou ser um marco histórico para a Câmara, participar desta movimentação, bem como receber os delegados em plenário. Ele lembrou que uma das reivindicações dos delegados é a melhoria salarial. “No passado ganhávamos como promotores, hoje o salário está totalmente defasado. Segurança é uma área de risco e infelizmente os servidores não estão sendo valorizados”, destacou.
O regional lembrou que o trabalho na segurança pública é um sacerdócio e destacou que a valorização deveria ocorrer, pois atuam com um dos bens mais preciosos da sociedade que é sua liberdade. O representante do sindicato deu início a seu pronunciamento falando sobre o orgulho de ser delegado e atuar em prol da segurança dos mineiros. Sobre o movimento, ele explicou que na última semana mais de 1/3 dos delegados do Estado participaram de “manifestação pacífica e ordeira em Belo Horizonte, em busca de uma melhor condição de trabalho e valorização profissional”. Moreira fez questão de ressaltar que os delegados não estão criticando governo A ou B, mas que estão em um movimento voltado para que o eles consideram ser reivindicações de estrita legalidade. Segundo o delegado, mais da metade das cidades de Minas Gerais não possuem delegado de carreira. “Delta, Campo Florido, Pirajuba e outras não tem delegado. Isso não traz prejuízo para a sociedade? Vocês conhecem a estrutura do prédio da delegacia de plantão? Até a delegacia regional não tem sede própria e fica em um imóvel cedido pela prefeitura. Temos hoje agentes que não possuem arma de fogo. É preciso investir em segurança pública. Minas Gerais é o 3º Estado em arrecadação do País e os delegados mineiros estão em último lugar em remuneração do Brasil. Isto tem que ser revisto”, destacou.
Edson Moreira afirmou ainda que a categoria tem se desdobrado para atender a comunidade. Em Uberaba, deveriam ter, pelo menos, 27 delegados. Atualmente, são apenas 17, com uma média de 800 inquéritos em andamento para cada um, tendo a necessidade de 4.000 diligências e milhares de Red’s para atuar. “Não queremos apenas um salário melhor e digno, mas também uma condição de trabalho que nos dê segurança e permita desenvolver nosso trabalho da maneira mais eficiente possível. Temos orgulho de trabalhar e proteger o povo mineiro e queremos ser valorizados e ter nosso trabalho reconhecido”, finalizou.
O presidente Luiz Dutra, que é delegado aposentado, também participou da movimentação em BH. Em nome de todos os vereadores, ele apresentou uma Moção de Repúdio aos baixos salários da categoria. Ele também explicou que, em nome do Legislativo, buscará apoio de outras Câmaras da região para o movimento, pois entende que é necessário o engajamento de todos os detentores de cargos públicos visto que segurança pública também se faz com servidores bem remunerados e equipados. “Vou dar a início a um movimento junto a outras câmaras, pois acredito que todos apoiaram esta iniciativa. É preciso valorizar quem cuida da segurança de nossa família e, realmente, a categoria não tem sido valorizada”, avaliou.
O primeiro secretário, vereador João Gilberto Ripposati (PSDB), sugeriu a Dutra que, em comissão, os vereadores agendem um encontro com o governador Antonio Anastasia, ou mesmo o vice, Alberto Pinto Coelho, no sentido de mostrar o engajamento da Câmara no movimento em prol da categoria de delegados. Dutra garantiu que tentará viabilizar a reunião o mais rápido possível. Os vereadores Samuel Pereira (PR) e José Antônio Cardoso (PSB), externaram apoio ao movimento. O vereador Afrânio Cardoso de Lara Resende (PP), que é policial civil, confirmou a fala de Edson Morais e ressaltou a falta de estrutura para o trabalho e a necessidade de investimento no setor como um todo. Ele ainda revelou que tem agentes da PC, que ganham mais que delegados que entraram recentemente na corporação. Os vereadores José Severino (PT) e Itamar Ribeiro (DEM), também externaram indignação com a falta de condições de trabalho dos profissionais e hipotecaram apoio ao movimento.
O primeiro secretário, vereador Carlos Godoy (PTB), afirmou que, “diante deste movimento e da união de forças políticas em prol da Polícia Civil, o Estado não poderá se fazer de cego e surdo”. Os vereadores Jorge Ferreira (PMN), Cléber Cabeludo (PMDB), Lourival dos Santos (PCdoB) e Almir Silva (PR), também se posicionaram a favor dos delegados e avaliaram que, realmente, a categoria trabalha em situação precária, inclusive, tendo a prefeitura que fornecer a gasolina para as viaturas policiais, em diversas ocasiões. O vereador Tony Carlos lembrou que os delegados deveriam trabalhar 40h/semanais, mas atualmente, a carga horária atinge 70h/semanais. Segundo Tony, os delegados ganham bruto R$ 5.700,00, e líquido R$ 4.000,00 sendo que policiais rodoviários ganham mais de R$ 6.000,00. “Realmente, é preciso reavaliar a questão salarial, pois a categoria não está sendo valorizada e nós vereadores apoiamos o movimento, pois entendemos que profissionais melhores remunerados, prestam um serviço ainda melhor”, destacou.
