Câmara de Uberaba receberá exposição Carolina Vive
Depois de Brasília e Uberlândia, agora será a vez de Uberaba receber a exposição Carolina Vive, sobre a escritora sacramentana Carolina de Jesus. A partir do dia 16 de agosto a sociedade poderá conhecer mais sobre a vida desta catadora de papel, que é hoje uma das duas únicas brasileiras incluídas na Antologia de Escritoras Negras, publicada em 1980 pela Random House, em Nova York. Também está incluída no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, publicado em Lisboa.. A iniciativa partiu do ex-vereador de Sacramento e hoje Superintendente de Informações e Análise Técnico Institucionais da Secretaria de Estado da Casa Civil e Relações Instuticionais do Governo de Minas Gerais, Bruno Scalon Cordeiro, com o total apoio do presidente Luiz Dutra.
Essa exposição foi um sucesso em Brasília. Por isso torna-la itinerante é uma decisão acertada que tomamos. Após Uberlândia ela segue para Uberaba, onde já existe um convite do presidente da Câmara Municipal, vereador Luiz Dutra, e assim a todas as cidades que manifestarem interesse em conhecer a obra da nossa escritora maior, disse Cordeiro, que está intermediando os convites.
Desde o primeiro dia da nossa gestão colocamos em prática um projeto de resgate histórico e cultural e não poderia ser diferente com essa exposição. Nascida na vizinha Sacramento, Carolina de Jesus, desconhecida por parte dos brasileiros, foi um exemplo de perseverança que a nossa região deve se orgulhar. O mundo a reconheceu e nós também vamos fazer a nossa parte, comentou Dutra.
Vida e obra: Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914, em Sacramento, estado de Minas Gerais, cidade onde viveu sua infância e adolescência. Foi filha de negros que, provavelmente, migraram do Desemboque para Sacramento quando da mudança da economia da extração de ouro para as atividades agropecuárias. Faleceu em 13 de Fevereiro de 1977, com 62 anos de idade em São Paulo.
Toda sua educação formal na leitura e escrita advêm de pouco tempo de estudos Quanto a sua escolaridade em Sacramento, provavelmente foi matriculada em 1923, no Colégio Allan Kardec, primeiro Colégio Espírita do Brasil, fundado em 31 de Janeiro de 1907, por Eurípedes Barsanulfo. Nessa época, as crianças pobres da cidade eram mantidas no Colégio através da ajuda de pessoas influentes. A benfeitora de Carolina Maria de Jesus foi a senhora Maria Leite Monteiro de Barros, pessoa para quem a mãe de Carolina trabalhava como lavadeira. No Colégio Allan Kardec Carolina estudou pouco mais de dois anos.
Mesmo diante todas as mazelas, perdas e discriminações que sofreu em Sacramento, por ser negra e pobre, Carolina revela através de sua escritura a importância do testemunho como meio de denúncia sócio-política de uma cultura hegemônica que exclui aqueles que lhe são alteridade.
A obra mais conhecida, com tiragem inicial de dez mil exemplares esgotados na primeira semana, e traduzida em 13 idiomas nos últimos 35 anos é Quarto de Despejo. Essa obra resgata e delata uma face da vida cultural brasileira quando do início da modernização da cidade de São Paulo e da criação de suas favelas. A obra de Carolina Maria de Jesus é um referencial importante para os Estudos Culturais, tanto no Brasil como no exterior.