Denise Max elogia tema escolhido para redação do Enem 2015

28/10/2015 09:25

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Vereadora que foi vítima de violência doméstica defende que o tema deve ser ampla e constantemente discutido

“Só quem já sofreu violência, sabe que a dor machuca também a alma. Sou uma sobrevivente”, relata a vereadora Denise Max. A única representante da bancada feminina da Câmara de Vereadores de Uberaba fala sobre a importância do tema adotado pelo Exame Nacional do Ensino Médio - Enem para sua redação este ano: "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira". O assunto gerou críticas de muitos estudantes e alguns deputados, que usaram as redes sociais para acusar o Enem de doutrinação. A polêmica ocorreu por causa de uma questão que citou frase da escritora e filósofa francesa Simone de Beauvoir que diz: “Não se nasce mulher, torna-se mulher".

Segundo Denise, o Enem já fez abordagens sobre a violência no Brasil em outros temas de redação, só que de uma maneira ampla. “Ele nunca tinha trazido uma proposta específica como a de agora. Esse tema é um problema crônico no Brasil. Quando se fala sobre violência contra a mulher não está afirmando que é somente a física, pois existem vários tipos. Para se ter uma ideia, ainda há homens que afirmam que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. A cultura do estupro em pleno século XXI, muitas vezes, coloca a vítima como culpada, quando, na verdade, o único e verdadeiro criminoso pela violência sexual é o estuprador”, disse, destacando ainda que a violência contra a mulher é tão grave, que a ONG OLGA promove a campanha “Chega de Fiu Fiu”, visando também a acabar com as cantadas ofensivas nas ruas e no transporte público. 

“A violência contra a mulher não é somente a doméstica ou a sexual, aquela que chega às vias de fato, mas também o assédio nas ruas, no ambiente de trabalho e a importunação ofensiva ao pudor. E vale ressaltar que em todas existe o machismo como pano de fundo”, disse. Machismo e alcoolismo são apontados como principais fatores que contribuem para a violência, segundo pesquisas.

Em 2014, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 - realizou 485.105 atendimentos, uma média de 40.425 atendimentos ao mês e 1.348 ao dia. Do total de 52.957 denúncias de violência contra a mulher, 27.369 corresponderam a denúncias de violência física (51,68%), 16.846 de violência psicológica (31,81%), 5.126 de violência moral (9,68%), 1.028 de violência patrimonial (1,94%), 1.517 de violência sexual (2,86%), 931 de cárcere privado (1,76%) e 140 envolvendo tráfico (0,26%). Três em cada cinco mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos, aponta pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular, de novembro de 2014.

Nos seis primeiros meses deste ano, o ligue 180 recebeu mais de 360 mil ligações. Uma média de 60 mil telefonemas por mês. Este ano, 32 mil registros foram de violência contra a mulher. A metade desses relatos foi sobre violência física. Em seguida aparecem denúncias de violência psicológica, moral, cárcere privado e violência sexual.

Por ter se tornado uma vítima da violência doméstica, no passado, e conhecer de perto esse problema que martiriza milhares de mulheres, Denise Max trabalha insistentemente para a concretização de projetos que amparem não somente a vítima direta, mas também a família. “Em casa a violência doméstica é uma das que mais acontece, mas infelizmente nem sempre é denunciada. Muitas mulheres, com medo, ficam caladas sofrendo por toda uma vida. A situação é tão complicada, que as vítimas quando denunciam fica muitas vezes refém do próprio agressor”, conta. “Somente quem já sofreu uma violência é capaz de saber a dor. Ela deixa cicatriz profunda, que machuca a alma e jamais é esquecida. Infelizmente, sei como essa cicatriz é difícil de curar, porque eu sou uma sobrevivente viva da violência doméstica. Por isso, eu como vereadora e vítima que fui, luto pelo amparo das mulheres que são agredidas diariamente em Uberaba”, frisou a representante do Legislativo.

Denise, em seu mandato, quer mudar a realidade de centenas de mulheres uberabense que ainda convivem com esse tipo de sofrimento, e assim ela tem apresentado ofícios e projetos que têm como objetivo dar suporte físico e emocional para essas pessoas. Entre os trabalhos realizados estão: envio de oficio ao governador do Estado, Fernando Pimentel,  e aos demais órgãos competentes, para que o Centro Integrado da Mulher (CIM) fique aberto 24 horas por dia, incluindo os finais de semana e feriados; ofício endereçado aos Deputados Federais solicitando agilidade na aprovação do Projeto de Lei do Senado (nº 139 de 2010), que altera a Lei nº 11.340 (de 7 de agosto de 2006 - Lei Maria da Penha), para garantir o direito à cirurgia plástica reparadora, no âmbito do Sistema Único de Saúde, à mulher vítima de violência doméstica da qual tenha resultado sequelas físicas; criação do Comitê de Amparo à Mulher Uberabense vítima de violência; criação do Disque denúncia só para mulheres vítimas de agressão; convênios com cursos de capacitação para o mercado formal de trabalho para mulheres vítimas de violência doméstica em parceria com PRONATEC, SESC, SENAC, SENAI entre outros; criação da Casa Abrigo de Uberaba, destinada a acolher, temporariamente, mulheres vítimas de violência, atendidas pelo  Centro Integrado da Mulher; solicitação para que a Prefeitura Municipal, juntamente com as secretarias competentes, Poder Judiciário e Promotoria de Justiça, desenvolva palestras de conscientização contra a violência doméstica destinadas a homens que respondem, através da Lei Maria da Penha, a processos de agressão às suas mulheres; disponibilizar vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEA) para os filhos e filhas de mulheres vítimas ou diretamente vitimados da violência doméstica; criação do Comitê de Amparo à família de mulheres uberabenses vítimas fatais ou não de violência doméstica; e aplicativo de celular conectado diretamente com a Delegacia da Mulher. “A violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública que tem crescido assustadoramente nos últimos tempos e que não pode ser ignorado ou disfarçado”, finalizou.

Durante coletiva à imprensa, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou que a edição de 2015 do Enem mostrou que a participação feminina no exame é cada vez maior. “Este ano, 57% dos candidatos são mulheres.”

Ainda com relação à polêmica sobre o tema, o ministro da Educação afirmou que o assunto é importante e que ainda está presente no país. “Somos uma sociedade em que ainda há muita violência contra a mulher. Achei um excelente tema. Defendo integralmente essa pauta. Foi uma excelente escolha. Quem sabe debatendo o assunto, a gente consiga diminuir a violência, vai ser um grande avanço para a sociedade brasileira", destacou.

 

Serviços de Atendimento à Mulher disponíveis no país
O Brasil tem mais de 5.500 municípios e apenas:
500 delegacias especializadas de atendimento à mulher e 160 núcleos especializados dentro de distritos policiais comuns
220 centros de referência especializados (atenção social, psicológica e orientação jurídica)
72 casas abrigo
92 juizados/varas especializadas em violência doméstica
59 núcleos especializados da Defensoria Pública
9 núcleos especializados do Ministério Público
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres

 

Jorn. Karla Ramos

Dep. Comunicação

27/10/2015

 

 

 

 

 

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