Uma prestação de contas da gestão do Hospital Dr. Hélio Angotti foi realizada no Plenário da Câmara Municipal de Uberaba. O presidente do HHA, Délcio Scandiuzzi, e o superintendente, Felipe Toledo Rocha, participaram na reunião ordinária na manhã desta terça-feira (19).
Scandiuzzi lembrou que o câncer é uma das principais causas de morte no mundo e que as dificuldades encontradas para o combater são muitas. Ele comentou que a Câmara é parceira do Hospital, e sabe da importância que ele tem para a cidade e a região. O médico agradeceu pela oportunidade de falar sobre o trabalho realizado
O superintendente Felipe Toledo Rocha lembrou que o hospital é referência no tratamento contra o câncer e que há cerca de um ano estiveram na Casa, também para uma prestação de contas. Segundo o médico, desde 2016 trabalham em um projeto de reestruturação do HHA.
Ele lembrou que ao assumir o cargo, o hospital enfrentava grandes dificuldades, com R$ 62 milhões de dívidas trabalhistas, tributárias, de fornecedores e de médicos. Uma situação que provocava transtornos diários, com bloqueios fiscais, tributários, bloqueio de contas e execuções trabalhistas, pressionando cada vez mais o caixa do hospital.
“Com isso sobrava cada vez menos, dinheiro, com dificuldades para comprar medicamentos e os insumos para cirurgia. O hospital foi entrando em um círculo vicioso, de diminuição de sua capacidade para atender”, acrescentou o superintendente.
Ainda de acordo com Felipe Toledo, na época estavam com uma torre inteira fechada, apenas três das seis salas do bloco cirúrgico operando e com o número de pacientes de quimioterapia e hormonioterapia extremamente baixo, para o histórico de funcionamento do hospital. Para ele, tudo isso foi um reflexo da crise que assolou o país. Além disso, a administração do HHA começou a perceber a evasão de pacientes do hospital, tanto de Uberaba, como de outros municípios, que começaram a procurar atendimentos em outros locais, como Barretos (SP), por exemplo, uma vez que o hospital não tinha condições de atender no tempo que o tratamento exige.
Outro problema, de acordo com o médico, é que as doações, que sempre foram um grande apoio na causa do câncer, despencaram, impactando ainda mais negativamente no caixa do hospital. Além disso, o HHA gastava R$ 1,2 milhão a mais por mês, elevando muito o déficit operacional.
A equipe de gestão percebeu que a melhor opção era gerenciar este passivo, pois o peso da dívida iria sempre arrastar o hospital para o fundo do poço. “Não tinha como dar um passo pra frente, sem olhar o que tinha sido acumulado para trás”, afirmou, deixando claro que desde que Scandiuzzi assumiu a presidência, não existe nenhuma espécie de subversão ou desvio de recursos.
“Na verdade, o que acontece é que a tabela do SUS é insuficiente. Os preços são quase todos em dólar, e temos o fato de sempre serem lançados medicamentos e equipamentos novos, e nós temos uma pressão inflacionária na área médica pela renovação tecnológica, que se você não acompanhar, não vai dar o melhor tratamento para o paciente, não acompanha na mesma velocidade”, disse Felipe Toledo.
A administração conseguiu uma negociação para pagar os fornecedores em 60 dias, na área de oncologia, o que significou uma injeção de caixa de aproximadamente dois meses. Além disso, o hospital não tinha recursos para o pagamento do 13º, que está sendo honrado desde 2016.
O superintendente informou, ainda, que o HHA aderiu ao Programa Especial de Regularização de Dívidas Tributárias, também chamado de “Refis da crise”. “Nós tínhamos aproximadamente R$ 3 milhões de passivos tributários, que estão inscritos de 2014 até 2017, e com isso conseguimos regularizar, com a ajuda o programa”, explicou.
Com o financiamento dos R$ 3 milhões, o hospital paga hoje uma parcela mensal de R$ 11 mil. Felipe Toledo mencionou outras medidas, que possibilitaram reduções nos gastos, inclusive da folha de pagamento.
“As renegociações das dívidas foram fundamentais”, avaliou o médico. Uma delas envolvia a Cemig, atingindo o valor de R$ 11 milhões, pois há mais de cinco anos as contas não eram pagas.
Através de um acordo judicial a direção conseguiu negociar a dívida principal, reduzindo para R$ 6 milhões, parcelada em 20 anos sem atualização monetária. Atualmente o gasto mensal com energia elétrica fica em torno de R$ 80 mil.
O superintendente avaliou que a gestão é um trabalho discreto, recordando que em um período de dois anos conseguiram sair de um passivo descontrolado de R$ 62 milhões, para R$ 42 milhões equacionados e R$ 22 milhões ainda para serem equacionados, como dívidas com médicos e contratos com material e equipamentos que não podem faltar.
“Dever não é o problema, o problema é saber ou não gerenciar esta dívida”, disse o médico. Segundo ele, as verbas federais têm sido honradas em dia, lembrando que um hospital oncológico não pode ter falha de tratamento, pois existem protocolos extremamente rígidos, como em qualquer hospital, como o Albert Einstein e Sírio Libanês.
Entre outras medidas, o médico mencionou as melhorias realizadas na estrutura do CTI, a troca do equipamento de radioterapia, que já tem mais de 20 anos e vai possibilitar a melhora do serviço, melhora do ambulatório de oncologia e quimioterapia, a implantação do Núcleo Interno de Regulação, para os tratamentos de pessoas que vem de fora.
Além disso, estão aumentando o número de exames e, consequentemente, o número de resultados, pois o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no tratamento da doença, bem como uma diminuição de 35 % do volume do estoque, que está sendo mais bem organizado, sem perdas de materiais.
Felipe Toledo informou que as estratégias mostram um impacto no caixa. De janeiro a julho de 2018 o faturamento passou de R$ 1.570.000,00 para R$ 1.918.000,00. Atualmente o déficit operacional está em torno de R$ 850 mil por mês, uma redução de 30% em dois anos. “Porém precisamos perseguir o objetivo de zerar este déficit, mas sabemos que não é fácil, com a atual conjuntura”, disse.
O representante do hospital contou que o Hélio Angotti está montando uma rede, instalando unidades em parceria com hospitais da região, como a Santa Casa de Araxá (já em funcionamento), além das cidades de Iturama, Monte Carmelo e Frutal. O objetivo é atender uma área com aproximadamente 2,8 milhões de pessoas.
O médico mencionou, ainda, a construção do Instituto Sempre Mulher, já concluída, em parceria com o Instituto Avon e o Ministério da Saúde, que vai oferecer uma série de atendimentos relacionados ao câncer feminino, principalmente o de mama e o de colo do útero, fazendo com que os resultados sejam mais ágeis e possibilitem o início do tratamento o mais rápido possível.
“O objetivo é de restabelecer o Hélio Angotti como referência na região central do Brasil, como já ocorreu na década de 80”, acrescentou o superintendente.
O presidente do Legislativo, Luiz Dutra (MDB) parabenizou pela gestão. Ele disse esperar que a Câmara consiga ajudar, inclusive buscando os deputados, com o objetivo de obter recursos para o hospital.
Jorn. Hedi Lamar Marques
Departamento de Comunicação / CMU
18/09/2018