O vereador Celso Neto foi contundente em criticar o modo como foram conduzidas e o resultado das investigações da Comissão Parlamentar Processante (CPP). Ele se manifestou após a leitura do processo e relatório, que durou cerca de nove horas, e defendeu que o Ministério Público dê continuidade às investigações. Posteriormente foi concedido um tempo de 15 minutos para cada vereador se manifestar e tirar dúvidas, caso fosse necessário.
Segundo o parlamentar, que estudou com sua equipe cada detalhe dos autos do processo, viu-se, ontem (27), a conclusão de um processo que se equivocou desde o princípio. “Era óbvio e notório que a atuação de apenas três vereadores e uma única Comissão de Investigação, para analisar um processo que tem tanta complexidade, seria impossível fazer isso com a profundidade necessária. Seria humanamente impossível analisar quase 20 mil doses (da vacina) aplicadas”, avaliou.
O vereador lembrou que avisou e que chegou a assinar junto com outros vereadores o pedido de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), para que fosse complementar e viesse somar esforços, para a obtenção de melhores resultados e como forma de dar mais transparência. “Infelizmente por decisão política desta Casa, a abertura desta segunda CEI foi rejeitada em Plenário. O resultado, infelizmente, é um processo incompleto, que avança até certo ponto, mas não conclui de maneira satisfatória”, comentou. Ele destacou que existem nos autos fatos que comprovam a ocultação de provas e adulteração de vídeos. “Isso é triste e vergonhoso”, acrescentou.
Celso Neto mencionou, ainda, a falta de compromisso de depoentes em dizer a verdade e até mesmo de assinarem os depoimentos logo após serem ouvidos. Outro detalhe mencionado por ele é o fato de testemunhas terem contado que foram perseguidas dentro da Prefeitura. “O resultado foram informações controversas, sem que o procedimento de acareação fosse realizado de maneira adequada, para saber quem falava a verdade, e tudo isso porque o tempo foi curto”, afirmou. O vereador ainda criticou o fato de no início da vacinação o secretário de Saúde Sétimo Boscolo não ter atuado como líder, como se exige de um agente público tão importante, delegando todas as funções importantes relacionadas à vacinação.
Segundo Celso Neto, depoimentos nos autos esclareceram que o secretário não sabia sequer como as listas de vacinados chegavam à Secretaria de Saúde, e que o responsável pela pasta disse ter delegado funções a outras pessoas, que alegaram não serem os responsáveis pelas funções mencionadas. “Faltou liderança, faltou condução adequada do processo”, afirmou o parlamentar.
Ainda de acordo com o vereador, o secretário só começou a acompanhar o vencimento das doses aplicadas da vacina no dia 29 de março, como consta nos autos, dois meses depois do início da vacinação. “Ele só começou a participar das reuniões da Comissão de Vacinação quando a subsecretária pediu exoneração. Não foi comprovado o crime de responsabilidade, mas isto não afasta os erros que foram cometidos pelo secretário, pela prefeitura e até mesmo pela própria Casa”, disse o representante do Legislativo.
Para Celso Neto, o processo ficou incompleto e deixou uma série de dúvidas. Ele entende que o Ministério Público também deve atuar no tema, uma vez que outros possíveis crimes não podem ser julgados pela Câmara, assim como outros servidores envolvidos na investigação.
O vereador disse que pretende acompanhar, assim como acredita que os demais parlamentares, todos os andamentos e sindicâncias que foram instauradas na Prefeitura, assim como a atuação de outros órgãos de controle, sejam eles internos ou externos. “Nós precisamos passar a limpo sim toda esta situação “, finalizou Celso Neto.
Jorn. Hedi Lamar Marques
Departamento de Comunicação CMU
28/09/2021