Comerciantes discutem caminho para atender à lei das sacolas plásticas
Lei que dispõe sobre a utilização de sacolas plásticas oxibiodegradáveis e copos descartáveis de papel, nos estabelecimentos comerciais de Uberaba, começará de fato a ser aplicada a partir do dia 14 de dezembro. Mas a utilização das sacolas gera divergências. O problema é se a troca da sacola de plástico convencional pela oxibiodegradável realmente auxilia ao meio ambiente. Por exemplo, no ano de 2007, em São Paulo, o projeto de lei do deputado Sebastião Almeida (PT), determinando o uso de sacolas oxibiodegradáveis, foi vetado pelo governador José Serra (PSDB). O petista dizia que a decisão era política, mas o governador utilizou argumentos técnicos, afirmando que o aditivo que faz com que o plástico se degrade continuaria contaminando o ambiente por causa dos catalisadores empregados, derivados de metais como níquel e manganês. “A tecnologia permite que o plástico se esfarele em pequenas partículas até desaparecer a olho nu, mas continua presente na natureza", afirmou, na época, Xico Graziano, secretário estadual de Meio Ambiente, à Folha de São Paulo.
Para discutir uma forma eficiente de adequação à lei em Uberaba, o vereador Antônio dos Reis Gonçalves Lerin (PSB) resolveu intermediar encontro com comerciantes, representantes de associações, sindicatos, ACIU e CDL na próxima segunda-feira (9/11), às 18 horas, no anfiteatro da ACIU. “Estivemos com o prefeito Anderson Adauto esta semana e ele nos afirmou que não há como prorrogar mais o prazo para adequação dos estabelecimentos comerciais à lei, quanto às sacolas plásticas. Por isso, queremos discutir com a classe de comerciantes de nosso município uma forma eficiente de preservarmos o meio ambiente da forma mais inteligente e adequada possível. Talvez mudando de forma gradual a cultura do uso da sacola plástica para utilização de sacolas retornáveis”, afirma.
Lerin lembra que a Inglaterra e o Canadá, países que inventaram esse aditivo oxidegradável, não adotaram a tecnologia. “Temos informação de que muitos estados que adotaram a prática também estão repensando o uso das sacolas fabricadas com esse material (oxibiodegradável)”, destaca. A polêmica passa, ainda, por uma questão cultural. O uso de sacolas plásticas virou utilidade, uma vez que são reaproveitadas para despejo de lixo doméstico, evitando a utilização dos sacos de lixo. A utilização de sacolas de pano pode ser mais atraente aos olhos dos ambientalistas, mas pode não agradar às donas de casa, que reclamam ter que “espremer” bananas, tomates, juntamente com itens de limpeza doméstica. Situação que será abordada também no encontro de comerciantes na segunda, mas que, de acordo com Lerin, ainda passará por um amplo trabalho de conscientização. “O comerciante sabe que é preciso fazer o possível para preservar o meio ambiente e quer contribuir. Por isso, o melhor caminho é debater o assunto”, ressalta.
O vereador destaca, ainda, que na Europa e nos Estados Unidos o uso de sacolas de pano ou sacos e caixas de papel é muito popular. Em Nova York, as que levam a inscrição "Eu não sou uma sacola de plástico" viraram febre. Uma sacola de plástico demora pelo menos 300 anos para sumir no meio ambiente. Em todo o mundo são produzidos 500 bilhões de unidades a cada ano, o equivalente a 1,4 bilhão por dia ou a 1 milhão por minuto. No Brasil, 1 bilhão de sacolas são distribuídas nos supermercados mensalmente – ou seja, são 66 sacolas por brasileiro ao mês. Mas o plástico também tem seu lugar no cotidiano do homem. As indústrias fabricantes de itens plásticos se defendem afirmando que sem ele não haveria computadores, seringas descartáveis, bolsas de soro e de sangue para salvar vidas. É fato que o plástico tornou os automóveis mais leves, reduzindo a emissão de CO2, causador do efeito estufa. As sacolas plásticas são reutilizáveis, práticas, higiênicas e têm múltiplos usos. São particularmente importantes para 80% dos consumidores que fazem compras a pé ou de ônibus. “Talvez o mais importante não seja o material do quais as sacolas são feitas, mas a forma inteligente que se utiliza esse material”, analisa o vereador Lerin.