O vereador Paulo César Soares - China (SDD) solicitou a elaboração de um laudo técnico ao Departamento de Vigilância Sanitária do município na área onde atualmente se encontra instalado o Frigorífico Boi Bravo, no bairro Costa Teles. O motivo seria a "reclamação que o frigorífico exala mau cheiro forte, grande quantidade de mosquitos na região provenientes do local, mato alto e água parada". China fez a leitura do laudo durante a reunião ordinária desta sexta-feira (dia 25).
As críticas fizeram com que o também vereador Edmilson de Paula (PRTB) defendesse o empresário proprietário do frigorífico.
A queixa foi recebida pelo Departamento no dia 16 deste mês, sendo que uma equipe de fiscalização esteve no local no último dia 23. De acordo com o laudo, a médica veterinária Dúnia Ibrahim Campos informou que pelo fato de o frigorífico ser fiscalizado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), não poderiam entrar na área de abate e produção, ficando a fiscalização restrita à área externa do frigorífico.
A equipe ainda constatou que o frigorífico possui muro de divisão com a rua apenas em parte do terreno, ficando o restante separado apenas por cerca de arame, o que permite o acesso de pessoas estranhas nas áreas de processamento dos excretos, criando a possibilidade de que animais procriados nas áreas com mato possam alcançar as residências vizinhas.
Durante a inspeção foram encontradas as seguintes irregularidades: presença de mato excessiva em toda a área verificada, lixo exposto a céu aberto em vários locais na área interna, bem como lixo exposto na área externa, sem o devido abrigo. Os fiscais também constataram a presença de contêiner com grande quantidade de caixas de papelão próximo ao muro que delimita o frigorífico com a área externa. Foi encontrada, ainda, a presença de excrementos animais expostos a céu aberto próximo à peneira da linha verde.
Durante a fiscalização a equipe constatou funcionário trabalhando nas lagoas de decantação de excrementos vestidos de bermuda, camiseta e chinelos de dedo, sem os devidos equipamentos de proteção individual, bem como encontraram grande quantidade de fezes bovina processada (esterco) armazenada a céu aberto.
No laudo constou que não foram apresentados documentos que comprovem programa de controle interno de pragas e vetores. O frigorífico possui três lagos de decantação, que teriam atingido a capacidade máxima, sendo que, de acordo com a médica veterinária, os restos sólidos seriam retirados do local para reutilização, o que os fiscais não conseguiram comprovar.
A conclusão do laudo foi que, devido às atividades desenvolvidas pelo estabelecimento, onde os subprodutos de origem animal são processados e armazenados a céu aberto, a grande quantidade de esterco armazenada, o mato excessivo encontrado em todas as partes inspecionadas, o estabelecimento estar situado dentro de área urbana com atividades permitidas para distritos industriais e áreas rurais, o departamento concluiu que a reclamação procede em relação aos possíveis focos de procriação e proliferação de mosquitos e considera que o local propicia a procriação de animais sinantrópicos (que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da vontade deste, e que podem transmitir doenças) e apresenta riscos à população circunvizinha pela proximidade das residências.
O vereador e líder do prefeito Luiz Dutra (SDD) ressaltou o entusiasmo e o trabalho do colega pelos interesses sociais, não apenas do Grande Abadia, pois não são apenas os moradores do bairro que consomem a carne que sai do local. Dutra disse que é parceiro e também defende que o frigorífico seja transferido do local, assim como acredita ser necessário defender a bandeira junto ao Ministério Público, governo municipal e moradores, "mas o mérito é do vereador China", afirmou, acrescentando que é preciso um frigorífico com todas as instalações sanitárias adequadas.
Edmilson de Paula lembrou que o empresário não estava presente para se defender, e que mais de 1 mil pessoas trabalham e dependem do local. "É preciso chamar o Executivo e o proprietário para conversar, não adianta tentar jogar a população contra o frigorífico", disse Edmilson, destacando que trabalhou na empresa durante cinco anos.
Ainda segundo o vereador, a Prefeitura deve R$ 14 milhões para o frigorífico. "Acho que a questão é pessoal, pois quando o empresário esteve na Casa ninguém falou nada", acrescentou. Ele também mencionou que "tem área da Prefeitura com mato de sete metros de altura, cheio de mosquitos da dengue e ninguém fala nada, enquanto um empresário que gera tantos empregos é atacado desta forma", desabafou.
O líder do Executivo pediu que seja realizado um raio-X da situação do frigorífico, com os créditos e os débitos existentes. Dutra afirmou que respeita as partes e acima de tudo a população, e que é preciso oferecer alimento com qualidade e boa higiene.
"Eu procuro trabalhar mais com a razão, dentro dos princípios da lei. É preciso encontrar uma forma de melhorar a situação, com esforços por parte tanto do empresário quanto da Prefeitura", concluiu. O tucano João Gilberto Ripposati (PSDB) disse não entender o motivo de China querer entrar no MP, uma vez que o empresário esteve na Câmara e na ocasião se disponibilizou a resolver a situação, desde que não saia prejudicado.
Departamento de Comunicação