A Câmara Municipal aprovou nesta terça-feira (25) o Projeto de Lei número 387, que é substitutivo ao PL 47, de autoria do vereador Franco Cartafina (PHS). Ele institui o mês “Janeiro Branco”, que deverá ser dedicado à realização de ações educativas para a difusão da saúde mental.
O projeto tem a co-autoria do vereador Almir Silva (PR). Segundo Franco, ele sempre tomou cuidado com o que diz respeito à Lei do Calendário Popular do Município, para que as datas se tornem referência.
“Em tempos de grande preocupação com a saúde física, é preciso pensar também na questão emocional, é aí que entra o Janeiro Branco”, afirmou o vereador. Segundo ele, a época foi escolhida porque em dezembro encerra um ciclo e começa outro na vida de todos. Franco explicou que o trabalho tem sido desenvolvido em outras cidades, buscando a conscientização e falando de saúde mental. “Muitas vezes as pessoas não querem nem tocar no assunto”, avaliou.
O parlamentar se lembrou de algumas situações tristes que aconteceram nos últimos tempos. “A sociedade está emocionalmente doente, a intolerância religiosa e no que se refere à orientação sexual, o aumento do estresse e da depressão, que é o mal do século, além do aumento muito triste dos casos de suicídios”, disse Franco.
“É um momento em que um vigia de creche ateia fogo em crianças, um estudante que atira nos colegas dentro de sala de aula, agressões homofóbicas”, acrescentou.
Para o vereador, a cidade está deficitária no atendimento psiquiátrico, sendo que a procura por internamentos aumentou muito. De acordo com ele, as drogas também estão ligadas a questões da saúde mental e emocional. “Os Caps não podem ser tratados como depósitos de pessoas loucas. As pessoas passam por estas situações e o poder público tem o dever de assisti-las”, defendeu Franco.
Segundo Almir Silva, a saúde mental das pessoas é um assunto muito importante, pois o ser humano cuida da parte física e se esquece de cuidar da mente. Ele comentou que cerca de 20% da população passa por problemas psicológicos, mas estas pessoas precisam entender que elas têm o problema e que precisam procurar ajuda.
“Julgar as pessoas é muito fácil, mas é preciso ter cautela. É um assunto para debate e conscientização, as pessoas estão mais depressivas e estressadas e através deste projeto o tema poderá ser discutido, tratado com seriedade e sem vergonha”, disse Almir, para quem é preciso ações para mostrar ao ser humano que ele pode buscar ajuda.
Os psicólogos Alessandra Carvalho Abraão Salum e Leonardo Abraão participaram da reunião, defendendo o projeto. Alessandra lembrou que precisam do apoio do Poder Público e das instituições privadas, pois na cidade o assunto tem recebido poucos investimentos. “A psicologia é uma área ampla, que pode atuar em várias áreas, para melhorar a saúde emocional das pessoas. É possível impactar nos resultados”, afirmou a psicóloga.
O psicólogo Leonardo foi o idealizador do projeto na cidade de Uberlândia. Ele disse que é muito importante conseguir fazer com que o tema seja colocado em evidência, inclusive através da Câmara. De acordo com ele, o objetivo da campanha é parar tudo e colocar o tema em máxima evidência, sendo que durante o “Janeiro Branco”, isto pode se multiplicar.
“A organização mundial de saúde já confirmou que as campanhas colocam os temas em evidência. A comunidade precisa parar para falar sobre esta dimensão psicológica da sociedade”, avaliou o psicólogo.
Para Leonardo, casos de suicídio, depressão, violência na escola, no trânsito, dentro de casa, são preveníveis, desde que as pessoas falem sobre seus problemas emocionais. “Aonde tem ser humano hoje, tem pessoas sofrendo com problemas emocionais”, acrescentou. Ele espera que em janeiro as ações sejam efetivadas dentro da campanha, e que Uberaba sirva de exemplo e de referência para outras cidades.
A iniciativa recebeu o apoio dos demais vereadores. Rubério dos Santos (PMDB) comentou que o “Janeiro Branco” começou em 2014, na cidade de Uberlândia, de onde se espalhou para várias cidades do País.
O vereador lembrou que a sociedade tem um grande número de pessoas depressivas e com ansiedade e que campanhas como o Outubro Rosa e o Novembro, servem para conscientizar a população. “Que seja feita uma reflexão maior e ofertadas mais oportunidades para trabalhar com esta questão”, concluiu Rubério.
O vereador Antônio Ronaldo Amâncio (PTB) disse que fica feliz de ver projetos voltados para o ser humano, independente de ter ou não problema mental. “É preciso destacar a importância de um bom convívio familiar”, afirmou.
Para o vereador Edcarlo dos Santos Carneiro “Kaká Carneiro” (PR), a saúde mental é uma das mais importantes ações que o Poder Público precisa ter como prevenção. “A depressão é a doença do século e se não for tratada, a situação pode ficar ainda pior”, alertou, lembrando o alto índice de suicídio, independente de classe social.
O vereador Alan Carlos da Silva (PEN) também se pronunciou, afirmando que as questões psicológicas não podem ser separadas do pedagógico, e que é preciso pensar como um todo. “É preciso vencer barreiras e mostrar para a sociedade que o psicológico não é para os “loucos” e sim para refletir sobre como a pessoa gostaria de estar. É preciso pensar em uma saúde integrada, buscar parceiros nas instituições de ensino e com a sociedade integrada”, disse Alan Carlos.
A vereadora Denise Max “Denise da Supra” (PR) parabenizou pelo trabalho realizado e destacou que a prevenção é muito importante. Ismar Vicente dos Santos “Marão” (PSD) lembrou que a todo o momento se vê suicídios no meio policial e nas escolas, assim como de agentes penitenciários. “Sem falar nos profissionais que são afastados do trabalho, por causa de problemas psicológicos e emocionais”, comentou, acrescentando: “espero que o projeto seja abraçado pelo Executivo, e que ações sejam desenvolvidas para amenizar estes problemas”.
Jorn. Hedi Lamar Marques - Departamento de Comunicação CMU
25/10/2017