O plenário da Câmara Municipal recebeu na tarde desta quinta-feira (20) Marylia Jasyela do Carmo Porto, a convite do vereador Marcelo Machado Borges - Borjão (DEM), para discutir sobre o "Problema no Sistema de Saúde e Diagnóstico Incorreto sobre Dengue". Marylia participou da reunião para externar sua indignação com o descaso na saúde de Uberaba.
Sua experiência começou no dia 15 de fevereiro quando seu marido, que apresentava dores e manchas no corpo e febre alta, procurou a UPA São Benedito para atendimento médico. Segundo Marylia, ele foi medicado, sem ter realizado nenhum exame para diagnóstico do problema, e orientado a voltar para casa. No dia 18, voltaram à UPA e foram atendidos por outro médico que deu o diagnóstico de virose. "Só foram feitos exames de sangue e urina porque solicitei e depois voltamos para casa com uma receita de Tylenol", acrescentou. "No dia 19, voltamos lá para pegar os exames, e fomos atendidos por outro profissional, que nos informou que acreditava que ele estava com Dengue tipo C. Foi solicitado imediatamente um leito no Hospital Escola e a partir daí começou a minha luta. Internaram ele na UPA São Benedito, onde ficamos aguardando por uma vaga no HE, e onde fizeram mais um exame de sangue. Ele ficou 5 horas em uma cadeira desconfortável na sala onde se toma medicamento, por alegarem não haver maca disponível para o caso dele. Segundo funcionárias do local, existiam macas somente para caso de urgência. Começamos aí a ver o descaso com a saúde em Uberaba".
De acordo com Marylia, a Secretaria de Saúde, na época, tentou maquiar o caso, desmentindo o problema de saúde. "Se ele não teve Dengue como justifica a Secretaria, porque trataram do problema como se fosse? Eu tenho os exames que comprovam a doença", acrescentou.
Depois da experiência, Marylia resolveu fazer visitas constantes às UPAs para saber os problemas que a população enfrenta na saúde pública. Durante seu pronunciamento, ela pediu aos parlamentares a instalação de uma CPI para apurar possíveis irregularidades no Hospital Regional. "Quero saber o porquê de o hospital ainda não estar funcionando, se não existe problema relacionado a verbas. Minha luta é por um atendimento justo na saúde, meu intuito não é fazer manifestação para "quebrar" a cidade e nem atacar político".
Cléber Humberto Ramos (PROS) pediu a palavra para dizer que está sendo protocolado na Casa convite ao responsável da construtora que realiza as obras do Hospital Regional, Fábio Guimarães, para vir falar sobre essa fase final do hospital e passar uma planilha. O secretário de Saúde, Fahim Sawan, também está sendo convidado, por Requerimento, para tratar várias questões relacionadas ao hospital. Marylia completou dizendo que com certeza estará presente à reunião.
Borjão disse que os parlamentares têm obrigação de zelar da população a partir do momento que se entra na Casa. E alerta que a população precisa parar de ter receio de denunciar, porque isso atrapalha o crescimento de qualquer sociedade.
Samir Cecílio Filho (SDD) ressaltou que falta comprometimento das pessoas envolvidas com as questões relacionadas à saúde. "Se não existir comprometimento das pessoas que executam o serviço público não adianta ter uma boa política de saúde. Muitos ocupam cargos no serviço público e não são comprometidas. Tem que haver um entendimento coletivo de que as pessoas que não desempenham seu papel devam ser extirpadas".
João Gilberto Ripposati (PSDB) pede à Casa a retomada de leitura da síntese da Comissão de Investigação de relatório elaborado em 2012 que aponta problemas na saúde para poder conferir o trabalho da administração atual. "Temos que estar vigilantes e estar em sintonia com a população para que possamos cumprir o tempo no nosso trabalho de fiscalização".
O descaso com a saúde foi exemplificado por Denise Max (PR) quando ela disse que presenciou pacientes esperando leitos por horas sem terem o que comer. Sem contar o descaso com o serviço que desempenha por alguns funcionários das UPA´s. "Os trabalhadores desses locais devem vestir a camisa, sem isso não adianta investir, porque muitos não querem trabalhar de verdade. Temos que fiscalizar e repassar os problemas para o prefeito para que se tenha um bom governo na cidade e ele reveja seu quadro de funcionários."
Paulo César Soares - China (SDD) citou o fechamento da Beneficência Portuguesa por má administração. "Nossa esperança é que o Hospital Regional possa desafogar um pouco as Unidades de Saúde".
Franco Cartafina (PRB) parabenizou a mesa diretora por estar abrindo o plenário para as reivindicações da população. "Esse problema da saúde é um problema crônico em nosso país e a Câmara está muito atenta a isso."
Edmilson Ferreira de Paula (PRTB) chamou a atenção dizendo que o descaso não é somente por parte do governo, mas também da população que não faz a parte dela com relação à prevenção da Dengue.
Luiz Humberto Dutra (SDD) destacou que os parlamentares estão fazendo sua parte e que a expectativa é de melhoras na saúde pública. "Torcemos para que com a abertura do Hospital Universitário e Hospital Regional, eles possam dar melhores condições para as pessoas que precisam de atendimento na saúde."
Edcarlo dos Santos Carneiro (PSL) disse que toda pessoa que paga impostos espera pelo menos um bom retorno no atendimento público, seja na saúde ou educação.
Marylia comentou que será feito no Rio de Janeiro exame de DNA que confirmará se o sangue apresentado no exame é de seu marido ou não. E terminou dizendo que iria hoje ainda ao gabinete do prefeito levar toda a situação. "Ele tem que saber o cenário real."
