Vereadores apoiam greve dos funcionários públicos
Luís Carlos dos Santos, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Uberaba, participou da 1ª sessão ordinária do mês, usando a tribuna para falar dos problemas enfrentados pelos servidores públicos. Diante de uma casa cheia, ele agradeceu o apoio dos vereadores na luta pela melhoria salarial da classe e ressaltou que a postura do sindicato é dar oportunidade ao diálogo. "Plano de saúde apenas não basta. Nós, servidores, não tivemos nenhuma melhoria. O prefeito nos ofereceu apenas 5,5% de reajuste e ainda de forma parcelada", desabafou Santos, revelando também que haverá uma paralisação no dia 4 de abril, às dez da manhã, em frente ao centro administrativo, como forma de protesto e, se não houver um entendimento e a assembleia aceitar, eles optarão pela greve.
Para Adislau Leite, presidente do Sindemu, não tem cabimento e lógica os servidores de uma cidade do porte de Uberaba ficarem mendigando aumento e valorização. "Quero chamar a atenção da população inteira para observar a administração que paga menos que o salário mínimo para seus servidores. Na educação, particularmente, há quem sofre inclusive, assédio moral. Vamos levar esse problema à Justiça. Peço a compreensão para que os pais não mandem seus filhos na quarta-feira para as escolas e Cemeis, como forma de apoiar a nossa causa, já que somos tratados de uma forma que vocês não gostariam de ver seus próprios filhos tratados".
Todos os vereadores manifestaram apoio ao movimento dos servidores. Para Marcelo Borjão (PMDB), se o governo do Anderson está tão bem avaliado como mostram as pesquisas divulgadas, é devido ao trabalho dos servidores, que não está sendo valorizado. Diante da informação dada por Adislau, ele lembrou do seu projeto sobre assédio moral e se deixou a disposição para denúncias.
Jorge Ferreira (PMN) lembrou que o prefeito Anderson Adauto pediu aos vereadores, em reunião na semana passada para tratarem sobre o aumento, que deixassem de sofismo. "Sem dinheiro para as necessidades básicas, incluindo também o pagamento do IPTU, que veio com grande aumento, como um servidor sobrevive?".
Já Almir Silva (PR) disse que o bom senso precisa prevalecer sempre. "E sinto que chegou a hora que não dá mais. Se não sai mais nada é preciso a greve. Plano de Saúde não é salário e espero que o prefeito reveja a situação". O vereador Samuel Pereira (PR) também parabenizou a todos pela atitude e falou sobre a emenda à LOA proposta pela comissão de orçamento e finanças garantindo abono de 200 reais para o ano que vem. "E vamos lutar para que o aumento do salário também se torne uma realidade".
O vice presidente Itamar Ribeiro de Resende observou que os sindicatos não estão sendo respeitados e o prefeito esquece que o servidor é o mais atingido com isso tudo. Além disso, ele, assim como o vereador Afrânio Resende (PP), questionaram sobre a diferença salarial entre os integrantes da guarda municipal. A mesma observação também fez o vereador João Gilberto Ripposati (PSDB). Segundo ele, o prefeito disse que algumas obras deixaram de ser feitas para garantir algum benefício. "Se é assim, precisamos saber quais são as obras que estão roubando esse aumento de vocês".
Já o vereador Carlos Alberto de Godoy (PTB) relembrou da reunião com o prefeito, quando houve o compromisso da análise. "Peço a ele que mantenha o diálogo, porque é preciso um entendimento. Trabalhador só consegue uma vitória na sua luta quando está mobilizado e a Câmara apoia o movimento, porque é uma questão de dignidade e não só de salário", disse.
Na condição de também funcionário público, o vereador Francisco de Assis (PR) disse que é uma vergonha o salário de muitos e citou que no mês passado, seu colega de serviço começou a chorar quando viu o contracheque. "Um pai de família com três filhos precisa trabalhar à noite como garçom para conseguir viver".
O líder do prefeito na Casa, vereador Cléber Cabeludo (PMDB) diz acreditar no poder da conversa e na luta dos servidores, esperando reabrir o diálogo com o prefeito. Já Tony Carlos, do mesmo partido, esclareceu que a vida inteira eu foi aliado e defendeu o prefeito Anderson. "Mas parece birra dele, pois na reunião em que estávamos, ao apresentar índices de aumento na região, ele disse: quem não está satisfeito, que mude de cidade", disse, lembrando que a prefeitura não consegue trabalhador braçal porque não paga nem o mínimo.
O comunista Lourival dos Santos acredita que a mobilização é que garante a força e faz com que os anseios sejam atendidos. "Mobilizados, a moeda é outra. Com isso vocês estão mostrando que precisam ser respeitados". O presidente Luiz Dutra (PTB) relembrou do papel dos vereadores nas mobilizações. Já o petista José Severino Rosa mostrou-se de acordo com a manifestação, mas se reservou no direito de se ater às negociações.
Sandra Barra, representando a administração municipal em plenário, não quis se manifestar a respeito das colocações.